O distanciamento do comprometimento.
O período pós pandemia fez aflorar alguns questionamentos que ficaram estagnados pela presença da doença. Será que estamos realmente comprometidos com o trabalho, estudo, cidadania e respeito ao próximo?
O distanciamento que foi exigido por razões óbvias para a integridade da saúde, parece que ficou estendido ao trabalho, estudo e ao comprometimento com as questões gerais da relação humana. As atividades realizadas à distância tornaram-se realidade no dia a dia da população. Consultas médicas, odontológicas, aulas em escolas e faculdades entraram definitivamente no cotidiano e aparentemente caracterizam um quadro de irreversibilidade. Entretanto, não pode haver o distanciamento do comprometimento e compromisso que outrora, de forma presencial ocorria. Além disso, com esta ferramenta há a sensação que devemos sempre estar “on” para qualquer que sejam os questionamentos da relação humana. Será mesmo?
Não sei se é uma cisma, mas é o que percebo. Há uma dificuldade de expressar sentimento e acolhimento por parte daqueles que estão no comando dos computadores e telefones celulares. A sensação é de facilidade de estar ou não estar “on”, dependendo do interesse em questão. O que quero dizer com isso é que está muito mais fácil dizer não ou nem ouvir os anseios e dores do dia a dia de cada um. Não há espaço para isso, contudo o que há é um distanciamento que será perpetuado pelas próximas gerações. A impessoalidade no atendimento remoto que tira o pulsar do coração, o olho no olho, o sentimento e o entendimento global do problema ou situação, faz com que parte destes sejam resolvidos, mas não a sua totalidade.
Já passou da hora do ser humano entender que está fazendo uso de ferramentas novas que não o substituem. Potencializam a inteligência. Facilitam os caminhos. Agilizam as informações. Reduzem o desgaste físico e mental. Mas não eliminam a relação entre pessoas. É uma via dupla e que em ambas as pontas temos pessoas. Não nos escondamos. A regra é atenção, cordialidade e compromisso com a ética, costumes e boa educação. Mantenham-se “off” da intolerância, irritabilidade, ódio, descaso, maldade e estejam “on” para a gentileza, solicitude e comprometimento.
Afinal, essa é a essência da máquina humana! Reflita!