O QUE ESTAMOS FAZENDO COM OS DENTES DOS PACIENTES?
Este cirurgião dentista que vos fala é formado há 30 anos. Fazendo um balanço da profissão olho pelo retrovisor e percebo que a odontologia que aprendi mudou! Evolução?
Ora, muito simples e tão óbvio tal percepção. Aquele menino se tornou um homem. A imaturidade, deu espaço a serenidade e sabedoria. A turbulência da insegurança, agora apoita em águas mansas e previsíveis.
Sim tudo isso é verdadeiro. Entretanto, existe ainda um mar revolto que insiste em trazer à tona a imaturidade, insegurança e o desequilíbrio já conquistados ao longo desta jornada.
Fui preparado na graduação (e posso assegurar que muito bem preparado) para tratar um dente até às últimas instâncias, pois nada é melhor que nossa dentição. É claro que existem algumas situações que perdemos essa batalha. Mas fizemos o nosso melhor.
Contemporaneamente, percebo a falta de interesse e empenho dos profissionais em cuidar dos dentes. Muitas vezes, até um despreparo. Em contrapartida, o desenvolvimento da odontologia avançou a passos largos e suas áreas específicas permitiram tratamentos com um nível de excelência inquestionáveis. Nessa hora, outra vez dou uma “olhadela” no retrovisor e novamente vejo que a odontologia realmente mudou. Lentes de contato, facetas, harmonizações faciais e tantos outros recursos, não é mesmo?
A resposta é sim e não. Sim, para a evolução da ciência na odontologia e não para o odontólogo que promove alguns abusos. Facetar 20 dentes de um adolescente só haveria justificativa se tivesse ocorrido uma tragédia genética e fatores ambientais que como uma bomba nuclear inviabilizasse qualquer outra forma de tratamento. E não me venham com aquela conversa que foi o paciente que desejou isso! Nós é que temos conhecimento, discernimento e a obrigação de não nos corrompermos às nossas origens acadêmicas. Opa, mais uma olhadinha no retrovisor e, desta vez, percebo que a odontologia neste quesito não mudou ou não deveria mudar. Formação, ética e transparência são atemporais!
O que serão destes adolescentes com seus dentes alvíssimos, lábios volumosos, vermelhos e brilhantes quando o ônus do envelhecimento bater à porta? Será que terão outras opções? Para todo bônus certamente haverá um ônus ! O relógio biológico é incorruptível, não faz hora extra e se aposenta.
As especialidades se completam e devemos ter bom senso, analisar cada caso e oferecer a melhor conduta que se encaixe devidamente aos anseios individuais. Sempre dentro dos preceitos da comprovação científica e sem exageros transloucados, por uma moda e padrões pré-estabelecidos de beleza que estão fixadas àquele tempo e que certamente passarão.
“É preciso saber viver …..”
Pense nisso!!!!